Paranaguá/PR - A participação do engenheiro na estrutura da Defesa Civil é relevante para o
desenvolvimento de ações em situações de risco como enchentes e desmoronamentos.

O papel deste profissional na prevenção de acidentes, ações de resposta e recuperação tem sido fundamental para a eficácia dos trabalhos. No entanto, a grande maioria dos municípios paranaenses carece de engenheiros na elaboração de projetos de enfrentamento de desastres naturais e provocados pela ação humana.

A avaliação é de Paulo Emmanuel do Nascimento Junior, engenheiro do setor de Minimização de Desastres da Defesa Civil, em Paranaguá, no litoral do Paraná. Ele observa que, nos últimos anos, devido às alterações no comportamento da natureza, os eventos atmosféricos têm sido mais intensos, obrigando o poder público e a sociedade a adotarem uma nova mentalidade ambiental, "uma  preparação sistemática para  suportar as consequências destes desastres".

De acordo com o engenheiro, a elaboração de obras de engenharia como forma de prevenção nas áreas de risco é uma medida minimizadora dos efeitos dos desastres. Além disso, um planejamento urbano mais rigoroso e eficaz, introdução de planos diretores nas cidades e proibição da ocupação urbana em regiões suscetíveis a catástrofes naturais são exemplos de ações que, com certeza, reduziram os problemas.

Nascimento Junior, que também é integrante da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do Litoral do Paraná - AEAA Litoral, entidade vinculada ao CREA-PR, e do Instituto dos Engenheiros do Paraná - IEP, lembra que após as chuvas de 2011 que afetaram o litoral do estado, a prefeitura de Paranaguá elaborou o Plano Municipal de Contingência.

"Os prejuízos causados pelos temporais naquele ano foram um laboratório para se conhecer os efeitos e as consequências destas catástrofes. Tivemos a zona rural toda devastada, e a destruição dos sistemas de captação de água localizados próximos à Serra do Mar provocou a interrupção total do abastecimento de água para 150 mil habitantes", conta.

A partir daquele ano, a Defesa Civil de Paranaguá foi reestruturada, reequipada e, principalmente, passou a contar com profissional de engenharia permanente para execução das atividades técnicas. Para a elaboração do plano de contingência foram diagnosticadas as obras de prevenção necessárias, tais como barragens, drenagem, limpeza e desassoreamento de rios entre outros.

"Sempre com a supervisão e direção de um engenheiro", enfatiza Nascimento Junior.  "Percebemos em todas as ações a serem tomadas, a necessidade de engenheiros e geólogos, registrados nos CREAs do Brasil, atuando na direção destes trabalhos", constata.

Nascimento Junior ainda destaca que no Paraná a grande maioria dos municípios não possui profissionais do CREA para desempenhar estes trabalhos dentro da estrutura da Defesa Civil. "Devido a esta situação, apresentei nas reuniões preparatórias para o 8º Congresso Estadual de Profissionais do CREA-PR, proposta estabelecendo que todas as prefeituras municipais tivessem em seu quadro funcional engenheiros e geólogos contratados para atuar nas Defesas Civis de cada cidade".

Ele explica que o plano de contingência consiste basicamente num planejamento de ações de respostas aos desastres de maneira organizada e sistemática, fazendo com que haja um atendimento rápido e eficaz às vitimas por parte dos órgãos públicos que atuam nessas ocasiões. Todas as etapas são descritas minuciosamente, contendo o órgão executor, pessoal a ser convocado, máquinas e equipamentos e as informações para o acionamento imediato quando necessário.

Por fim, Nascimento Junior ressalta a necessidade de uma grande mudança na gestão dos poderes públicos em relação à importância do engenheiro na estrutura da Defesa Civil dos municípios. "Com a participação destes profissionais, a atuação será mais eficaz e os resultados positivos". 


Data: 18/07/2013 / Fonte: CREA-PR

Foto: Reprodução - CREA-PR