O dia 1 de dezembro foi internacionalmente instituído como o Dia Mundial de Combate à AIDS. É quando o mundo une forças para a conscientização sobre essa doença. Dados do Ministério da Saúde apontam que hoje existem 630 mil pessoas que vivem com HIV no Brasil, sendo que 255 mil desconhecem essa situação e cerca de 30% dos pacientes ainda chegam ao serviço de saúde tardiamente.
Para saber o que a população conhece sobre as formas de prevenção da AIDS e seu tratamento, a Quanti Pesquisa de Mercado realizou uma pesquisa no mês de novembro. A pesquisa foi realizada com a colaboração da Coordenação Estadual DST/AIDS de São Paulo (Secretaria de Estado da Saúde).

Ao todo foram mil entrevistados, 450 homens e 550 mulheres com idades entre 18 e 55 anos, assim distribuídas: 18 e 24 anos (21%), 25 e 35 anos (45%), 36 e 45 anos (20%) e 46 anos ou mais (14%). Destes, 44% são solteiros, 51%, casados ou moram junto e 5% são separados ou viúvos. A maioria tem nível de escolaridade alto (39% têm ensino superior completo e 27% estão cursando ensino superior) e, 34% têm até o ensino médio.

Os resultados obtidos mostraram que 46% dos entrevistados fazem sexo de 1 a 2 vezes por semana (média geral de 2,1 vezes por semana), Deste grupo, 89% têm parceiros fixos, 7% têm parceiros fixos e eventuais e 4% somente, tem parceiros eventuais. Ainda neste grupo, 92% são heterossexuais, 2% homossexuais e 6% são bissexuais, 66% declararam usar camisinha e 34% que declaram não usar.
Nos últimos 12 meses, 54 % declaram comprar preservativos masculinos.
A compra de camisinhas é quase tão frequente entre as mulheres quanto entre os homens. Entre os que compraram 47% são mulheres, 45% são casados e 51% são solteiros. Ainda entre os que compraram preservativos masculinos nos últimos 12 meses, 74% têm parcerias fixas e 14% têm parcerias fixas e eventuais. Os preservativos femininos são pouco procurados, somente 7% das mulheres adquiriram o produto nos últimos 12 meses.

Ao responder sobre o uso de camisinha com parceiro fixo, 59% declaram usar preservativos (às vezes 37% e sempre usam 22%). Já aqueles que têm parcerias eventuais, 17% declaram nunca usar preservativos, 34% às vezes usam e 48% usam sempre.

Segundo Humberto Perissé, diretor da Quanti, os resultados surpreendem quando analisados os motivos do uso da camisinha. Dos entrevistados, 69% utilizam a camisinha como método contraceptivo, a segurança nas relações sexuais vem em segundo lugar com 58%. Já entre os que têm parcerias eventuais, este percentual sobe para 84%. Embora seja um percentual alto, ainda é pouco, mostrando a necessidade de reforçar as ações de conscientização.

Do total, 79% concordam que o uso de preservativos é a única maneira de evitar as doenças sexualmente transmissíveis, porém somente 38% utilizam preservativos quando não conhecem bem o parceiro, 15% só utilizam quando o parceiro pede ou exige e 9% se consideram tão cautelosos que nunca terão problemas. Há um bom nível de conscientização sobre o uso de preservativos, mas há também uma parcela muito significativa que deveria usar, mas não o faz, ressalta Perissé.

Indagamos aos entrevistados, sobre as formas de adquirir o vírus HIV e constatamos que existe falta de informação: se por um lado, 86% afirmam concordam que o vírus se transmite da mãe para o filho durante a gravidez, por outro, apenas 47% sabem que o vírus pode ser transmitido pelo leite materno. O beijo de língua não transmite o vírus, porém 23% acreditam que podem pegar a doença assim e 11% não sabem se essa possibilidade é verdadeira ou falsa!, complementa Humberto.

Felizmente, 99% sabem que o compartilhamento de agulhas ou seringas pode transmitir o vírus HIV demonstrando alto nível de conscientização para esta forma de transmissão.
Mesmo com 70% dos entrevistados afirmando conhecer a campanha Fique Sabendo, fica aqui o nosso convite para que você se informe, pois fazer o teste de HIV e de outras doenças é fundamental como forma de prevenção destas doenças (consulte o Fique Sabendo: www.aids.gov.br/fiquesabendo ), ressalta Humberto. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores as chances de iniciar o tratamento garantindo qualidade de vida para a pessoa.

A pesquisa mostrou que 32% já fizeram teste para diagnóstico do HIV pelo menos uma vez, 35% já fizeram mais de uma vez. Foi constatado que 33% nunca fizeram o teste e, neste grupo, 38% justificaram não ser necessário por não terem tido muitos parceiros sexuais, 21% justificaram que não necessitam porque não usam drogas, 5% justificaram não ser necessário porque não são homossexuais e 5% têm medo de saber o resultado. Estes números nos chamaram a atenção e despertaram para a real necessidade de incentivar as campanhas de testagem do HIV e de outras doenças, afirma Humberto.

O teste rápido já foi feito por 13% das pessoas (20% entre pessoas que têm parcerias eventuais). O teste rápido (www.aids.gov.br/teste-rapido) cujo resultado leva menos de uma hora, é uma importante ferramenta com que a rede pública conta, pois permite a ação imediata dos profissionais de saúde no diagnóstico e prevenção no enfrentamento da AIDS.

Para fazer o teste não é necessário estar em jejum. Se o teste rápido não foi feito, recomenda-se realizar o teste de HIV pelo menos 30 dias após relação desprotegida, pois o organismo leva tempo para produzir número de anticorpos capazes de serem detectados pelo teste. Daí a importância de realizar o teste periodicamente.

Outro serviço importante do DST-AIDS de São Paulo para a prevenção da AIDS é o PEP (Profilaxia Pós Exposição). A maioria (83%) nunca ouviu falar deste serviço. Conforme informou Ivone de Paula, gerente da Área de Prevenção do Programa Estadual DST-AIDS do Estado de São Paulo, o PEP consiste no uso de medicamentos até 72 horas após a relação sexual quando ocorrer falha ou não uso de camisinha com parceiros sabidamente positivos, acidente profissional ou violência sexual, reduzindo o risco de transmissão do HIV (Consulte o link: www3.crt.saude.sp.gov.br/profilaxia/hotsite/  ).

Os motivos para fazer o teste de HIV são os mais variados. Entre as mulheres, 47% fizeram o teste no período pré-natal. A curiosidade foi o motivo para 18% dos entrevistados, 31% por serem doadores, 7% por solicitação do empregador e 4% a pedido do parceiro. Apenas 10% fizeram o teste por ocasião de algum comportamento de risco.

Muitos são os que sabem que o teste de AIDS é gratuito na rede pública (80%), mas a maior parte (60%) fez o teste na rede privada, 30% na rede pública e 32% foram realizados por bancos de sangue.
Os testes da rede pública são realizados em serviços de saúde (CTA/COAS) e laboratórios, com uma amostra de sangue que permite verificar se a pessoa está ou não infectada. São feitos de forma anônima, gratuita e de maneira segura com acolhimento e aconselhamento.

Perguntados sobre a possibilidade de estar infectado pelo HIV 3% ponderaram esta possibilidade. Sobre o conhecimento da sorologia do parceiro sexual, 65% a conhece, mas 31% mantêm relações com parceiros sem saber se são ou não portadores do vírus. Estes números mostram o acerto no tema e no nome da campanha Programa Estadual de DST/AIDS deste ano: Tire o Peso da Dúvida.
O Programa também disponibiliza o serviço para tirar dúvidas sobre as doenças sexualmente transmissíveis, pelo número 0800162550 ou pelo e-mail duvidasaids@crt.saude.sp.gov.br , que funciona de segunda a sexta-feira das 8:00h as 18:00h.

Fonte: www.quanti.net.br