Cultivo de girassóis para produzir biocombustível 
(Foto: Divulgação/Universidade do Estado de Michigan)

Produção traz impactos negativos, como emissão de ozônio.
Pesquisa foi publicada no site da revista 'Nature Climate Change'.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Lancaster, no Reino Unido, em conjunto com o Instituto de Tecnologia Karlsruhe, na Alemanha, avalia que a expansão recente de áreas agrícolas para produzir biocombustível, como o milho e a beterraba, no caso da Europa, podem prejudicar a agricultura e causar uma série de impactos negativos, como a elevação no número de mortes causadas por poluição.

Os pesquisadores calculam que, se houver expansão nas áreas agrícolas para produzir biocombustível na Europa, a poluição por ozônio no nível do solo também deve crescer, elevando em 1.365 o número de mortos por ano devido à poluição. O valor significa um crescimento de 6% com relação ao número atual, de 22 mil mortes por ano no continente.


O estudo foi publicado no site da renomada revista "Nature Climate Change", neste domingo (6). O cientista Nick Hewitt, um dos autores da pesquisa, criou modelos matemáticos para estimar o crescimento da poluição por ozônio em nível do solo como resultado da expansão da produção para o biodiesel, e averiguou também os impactos na saúde populacional.

O ozônio, apesar de formar a camada protetora contra raios ultravioleta do Sol, em regiões mais altas da atmosfera, quando está no nível do solo age como um poluente. Em geral o gás é emitido por automóveis e pela indústria, e a exposição prolongada ao ozônio pode causar redução das funções pulmonares, inflamação nas vias respiratórias e elevar as chances de doenças cardiovasculares.

Isoprene
Os pesquisadores afirmam que a maioria das plantas cultivadas para biocombustível emite isoprene, uma das principais substâncias capazes de produzir ozônio entre as geradas pela vegetação.Em sua estimativa, o estudo prevê que a área cultivada para biodiesel deve crescer 33% em 20 anos na Europa, considerando as áreas disponíveis no continente para esta prática agrícola.

Produção de milho para biocombustível
(Foto: Divulgação/Universidade de Illinois)

Caso esta expansão ocorra, a emissão de isoprene vai subir cerca de 40%, e, com isso, a emissão de ozônio também vai crescer. O número de mortes atribuídas à poluição pelo gás também deve aumentar 6% com relação ao valor atual, de 22 mil pessoas mortas, conforme  informado anteriormente.
O custo "colateral" por conta da expansão de biocombustível deve ficar em torno de US$ 7,1 bilhões, estimam os pesquisadores.





Os cientistas afirmam que as políticas de redução das emissões por combustíveis fósseis são positivas, mas que é preciso ponderar nos efeitos da substituição por biocombustível.
Antes que o biodiesel seja produzido em larga escala, é preciso levar em conta os impactos negativos, junto com a questão da queda nas emissões de carbono, avalia o estudo.

fonte: G1