A fome é, hoje, um dos principais problemas mundiais: cerca de três bilhões de pessoas – que representam quase metade da população do planeta – sofrem com a insegurança alimentar, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que ainda garante que esse número, infelizmente, não para de crescer. E o pior é que a comida que poderia alimentar grande parte dessas pessoas existe e está sendo jogada, todos os dias, na lata do lixo. O relatório Global Food: waste not, want not (“Comida Global: não desperdice, não queira”, em tradução livre), divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Instituto de Engenheiros Mecânicos (Imeche), do Reino Unido, apontou que entre 30 e 50% dos alimentos produzidos anualmente no mundo nunca são ingeridos. A porcentagem representa de 1,2 a 2 bilhões de toneladas de comida, que têm o lixo como destino. 

Classificado como “assombroso” pela instituição, esse desperdício de alimentos é consequência de uma série de problemas. Entre eles: - técnicas insatisfatórias de engenharia e agricultura; - infraestrutura inadequada de transporte e armazenamento; - exigência dos supermercados de que os produtos sejam visualmente perfeitos nas prateleiras; - promoções “compre um, leve dois”, que incentivam as pessoas a levar para casa mais do que precisam e - claro, falta de consciência dos consumidores. 

O desperdício de alimentos ainda provoca o uso exagerado de outros recursos que já estão em escassez, como água e energia. De acordo com o relatório britânico, atualmente, cerca de 550 bilhões de metros cúbicos de água são desperdiçados, todos os anos, na produção da comida que vai para o lixo. E a situação pode ficar ainda pior, se não repensarmos a forma como estamos consumindo os alimentos: segundo o estudo, até 2050, o uso de água no mundo chegará a 13 trilhões m³/ano, sobretudo por conta da demanda para produção alimentícia. Em 2009, campanha lançada pelo Instituto Akatu alertou a população de que um terço dos alimentos comprados pelos brasileiros vai direto para a lata do lixo. 

Fonte: planetasustentavel.abril.com.br