Data: 06/02/2013 / Fonte: Revista Proteção 

Homem morre soterrado em silo de farelo. Silo com duas toneladas de trigo desaba. Bombeiros resgatam corpos de soterrados em silos de grãos. Silo explode e duas pessoas estão desaparecidas. Construtor de silo é indiciado por acidente que matou dois. Basta uma rápida pesquisa na Internet e as manchetes se repetem, mostrando a fragilidade de um setor com alta produtividade, mas com riscos diversos, e que precisa de um olhar atento para a Saúde e a Segurança do Trabalho. Conforme a Seção de Acidentes do Trabalho do Anuário Estatístico da Previdência Social 2009 (dados por situação do registro e motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE - 2007/2009), as ocorrências na área vêm aumentando. Em 2009, o setor de armazenamento, que inclui o trabalho em silos, registrou 2.121 acidentes. Em 2008 foram registrados 100 a menos (2.021), em 2007, o número foi ainda menor, 1.648 acidentes de trabalho. 

Os riscos da jornada em silos - estruturas destinadas ao armazenamento de produtos agrícolas, a exemplo de grãos - são diversos, começando pelo fato de o ambiente ser classificado como um espaço confinado. Além disso, os trabalhadores estão expostos ao risco de explosão, incêndio e ainda aos acidentes pelo trabalho em altura, ao ruído, sem falar nos riscos biológicos e em outros que podem afetar a saúde do trabalhador, uma vez que a presença de poeiras pode provocar graves problemas respiratórios. Algumas Normas Regulamentadoras, a exemplo da NR-33 (Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados) e NR-35 (Segurança para Trabalho em Altura), têm ajudado a nortear as empresas do ramo a oferecerem melhores condições aos trabalhadores. Quem atua na área garante que ainda há muito a fazer. A reportagem traz um pouco da realidade do trabalho neste setor e mostra como os profissionais de SST têm batalhado pela prevenção de acidentes nos locais.

Antes de chegar a sua mesa, produtos a base de trigo, soja, milho, entre muitos outros grãos, passam por processos de surpreender qualquer leigo. Depois da colheita, em uma unidade processadora, os grãos passarão por diversas fases, começando pela pré-limpeza, retirada de impurezas existentes na massa; secagem, em que serão submetidos a correntes de ar aquecido por geradores de calor, e transporte e descarga, quando o produto será transferido para o interior dos silos ou armazéns graneleiros, por meio de correias transportadoras. 

"Na etapa anterior ao silo, os grãos passam pela moega, espécie de bacia, piscina ou reservatório em que são descarregados pelos caminhões após a colheita. A correia transportadora - instalada em túneis ou próximo ao teto do silo - ou elevador de canecas - instalado em um poço de elevador -, são os equipamentos usados para transportar os grãos da moega para os secadores, quando sua umidade será reduzida, e para as peneiras, para que as impurezas que são colhidas junto com os grãos sejam retiradas", complementa o engenheiro de Segurança do Trabalho e auditor fiscal do Trabalho do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), Sérgio Garcia. 

Durante a etapa de armazenamento, outras operações ainda são realizadas para a adequada conservação do produto. Uma delas é a aeração, processo para diminuir e uniformizar a temperatura dos grãos. A armazenagem dos produtos agrícolas, feita a granel, pode ser realizada, basicamente em dois tipos de silos, os horizontais, que costumam ser construídos de concreto, e os silos metálicos cilíndricos. A opção pelo tipo de estrutura para a armazenagem vai se definir conforme a expansão das fronteiras agrícolas e pelo tipo de cultura de grãos de cada região. Os fatores que costumam predominar na sua implantação são os valores dos investimentos necessários para a obra e a funcionalidade da unidade armazenadora.  

 Matéria enviada por Marcelo Crescibene - Técnico em Segurança do Trabalho e Coordenador de Cursos Técnicos.